Guerra silenciosa e decisiva

Todos acompanham neste momento a "Guerra antitráfico" empreendida pelo Governo do Rio de Janeiro, mas não acredito que será essa Guerra que irá salvar a população favelada.
Jogo todas as minhas fichas e esforços na guerra silenciosa que se trava diariamente nas Favelas. No centro desta disputa que é iminentemente cultural estão os traficantes (que são fruto deste sistema perveso) de um lado e do outro lutadores e lutadoras sociais que lutam todos os dias para se tornarem REFERENCIAL destes jovens para que eles tentem mudar sua vida de forma diferente! A luta é desigual: Pois o jovem cresce vendo seu pai e/ou mãe sofrendo para ganhar um salário mínimo honestamente e assim sustentar sua família. e acaba convivendo com jovens de sua idade tendo acesso a tudo o que ele ve na TV (e deseja) mesmo que a vida destes seja efemera.
Estava lendo um jornal popular de grande circulação no Rio de Janeiro e a matéria estampava "Modelo Fulana de Alguma pede segurança a namorado traficante". Pronto o jovem que não pode sonhar em ser advogado, administrador, professor ou economista para ter acesso a "beldade" da TV vai querer ser como aquele jovem que forneceu segurança à namorada!
Uma imagem, um gesto, uma palavra! Certas atitudes destroem anos e anos de trabalho, suor e dedicação de pessoas que passam o dia tentando despertar cidadania plena em jovens abandonados pelo Estado, excluídos pela sociedade, vítimas de famílias estraçalhadas e formação . Esta que potencializa tudo e necessita sobretudo de REFERENCIAIS

To de luto pela falência da sociedade em que vivo!

A "Sociedade" - leia-se classe média corporativista- se revoltou contra o cruel e bárbaro assassinato de uma criança indenfesa - a qual eu tambem me revolto! Mas quero essa mesma "sociedade" se revoltar por cada criança que perdemos nas Favelas pela miséria, fome , falta de perspectivas de vida!

Quero missas e protestos por nossas crianças que morrem de forma brutal e cruel em ações policiais clandentinas e ilegais!

Violência

Tenho recebido inumeras mensagens de revolta pelo cruel, vergonhoso e inominável assassinato de João Helio Fernandes de apenas 6 anos. Quero tecer alguns comentários sobre o assunto, não sem antes afirmam que para mim esses individuos deveriam APODRECER na cadeia.
1° Fico surpreso com a "revolta da sociedade" nestes momentos, pois quando morre uma criança por bala perdida na Favela ninguém fala nada. Ninguém se sente agredido. Não quero dizer que sou frio em relação a esse ato de barbárie!
2° Nesses momentos todos viram especialistas em Segurança pública e querem berrar aos 4 cantos do mundo reduzam a idade penal, instituam a pena de morte! Quero afirma categoricamente que pessoalmente SOU CONTRA a pena de morte! pois nesse sitema em que vivemos só irá para o corredor da morte é negro pobre e favela! Por isso sou contra! Sou contra a redução da idade penal pois não é assim que resolveremos a questão da entrada de menores em idade em crimes...Pois daki a pouco estaremos abaixando a idade penal para 10 anos, pois quando abaixarmos para 16 serão recrutados meninos de 14 e assim em diante...
O que temos que ter é uma legislação mais dura: Prisão perpetua, Fim dos beneficios para criminosos (redução de pena, indultos de natal e etc), regimes alternativos (colocar na prisão quem roubou manteiga com quem estuprou e matou é complicado)

Tenho orgulho de ser Favelado

Hoje - mas do que nunca a mídia , as elites e a direita conservadora- conseguiram nos convencer de que a palavra favela e seus derivados são palavras inomináveis e impublicáveis. E assim mais uma vez conseguem destruir aquilo que é mais precioso em um povo: Sua história.
Favela é uma planta nordestina aguerrida, resistente e lutadora. É em sua homenagem que as primeiras ocupações irregulares, datadas no inicio do século passado, no Rio de Janeiro têm este nome singular e significativo.
Hoje negando este nome, negamos a nossa história. História esta construida com muito sangue e dor. Mas também de muitas vitórias em nossa trajetória para a verdadeira cidadania. Vitórias arrancadas dos Governos com muita luta e dedicação. Com muita solidariedade, companheirismo e unidade. Tínhamos um senso de coletividade que hoje não temos. O neoliberalismo, a faceta mais dura do capitalismo, varreu isso e implantou em nós um grau de individualismo jamais visto. Sendo portanto indevido o uso da palavra "comunidade" (Comun+Unidade) as nossas Favelas.
Hoje temos que ter a consciencia que a melhoria na qualidade de vida das nossas Favelas será fruto da nossa luta. E olhando para o passado é que podemos contruir no presente uma sociedade em que todos possamos nos chamar de companheiros e irmãos.

Essa página foi criada para ser acima de tudo uma contribuição, ainda que minuscula, na discussão (democrática, revolucionária e comunitária) do resgate dessa história e rumo a uma outra sociedade justa, fraterna, solidaria e comunitária: A Sociedade Socialista